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A SAÚDE DO BORDER COLLIE
O border collie é um cão de natureza rústica, de grande resistência. Costumam ter boa saúde e longa expectativa de vida, mas o criador da raça tem papel fundamental para manter tais características.
Algumas doenças genéticas tem maior incidência que outras na raça, tornando necessário que o criador faça o controle de seu plantel, através de exames, para diminuir (ou eliminar) a probabilidade de que as novas gerações sejam acometidas.
Nesta criação, o controle das doenças é feito através de exames genéticos pelo Embark Vet, My Dog DNA, Centervet e exames de imagem (radiografias) laudados pelo Hospital Veterinário São Francisco de Assis, em Belo Horizonte, ou laudados pelo OFA. Todos os cães são testados antes de entrar em reprodução.
Das centenas de doenças testadas pelos painés genéticos e através de radiografias, selecionamos 17 que são consideradas "comuns" na raça em diversos países pelo mundo, sobre as quais faremos um breve resumo a seguir.
Nem todas as doenças são relevantes em todo lugar, já que podem variar por linhagens mais predominantes em determinado país ou região. Pela nossa experiência, no Brasil, as mais frequentes são: CEA, BCG, DM e EAOD e esporadicamente tem aparecido cães portadores de IGS, TNS ou CL.
Displasia Coxofemoral
É uma enfermidade articular freqüente principalmente em cães de médio e grande porte. Afeta cabeça e colo femoral, e o acetábulo. É hereditária e fatores ambientais podem agravar os sinais clínicos (como claudicação e dor).
É importante ressaltar que nem todo cão afetado pela displasia mostrará sinais clínicos, por isso somente o exame de radiografia define se o animal é isento.
Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária, o exame só é considerado definitivo após 24 meses de idade. Pela técnica mais utilizada no Brasil, os cães serão classificados em Graus de A a E, sendo:
"A" o resultado para articulações normais;
"B" o resultado para articulações próximas do normal;
"C" para displasia coxofemoral leve;
"D" para displasia coxofemoral moderada;
e "E" para displasia coxofemoral grave.
No OFA, antiga Orthopedic Foundation for Animals, agora The Canine Health Information Center, as graduações mudam, mas podem ser comparadas da seguinte forma:
OFA Excellent e Good - correspondente a A1 e A2, respectivamente;
OFA Fair e Borderline - correspondente a B1 e B2, respectivamente;
OFA Mild - correspondente a C;
OFA Moderate - correspondente a D;
OFA Severe - correspondente a E.
Displasia de Cotovelos
É uma doença poligênica e hereditária que afeta o cotovelo, sendo os sinais clínicos a claudicação de membros anteriores. Fatores ambientais e individuais (como excesso de exercícios ou sobrepeso) podem facilitar o aparecimento de sinais clínicos, mas eles também podem permanecer ocultos por anos. Por isso, assim como no caso da displasia coxofemoral, somente a radiografia pode diagnosticar o cão como isento ou não, sendo também considerada definitiva aos 2 anos de idade.
Os resultados de exames podem vir, quando saudáveis, como:
0/0 (cada 0 referente a um dos membros anteriores) ou como Normal (OFA).
Quando afetadas, podem vir como:
Grau 1: artrose leve;
Grau 2: artrose moderada ou lesão primária suspeita;
Grau 3: artrose grave ou lesão primária evidente.
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>> As doenças a seguir são identificadas através de exame genético. É importante ressaltar que a maioria delas só apresenta risco quando o animal apresenta DOIS genes da doença, chamado de "afetado".
Os resultados podem ser:
O cão Normal, livre, que possui dois genes saudáveis.
Portador, que carrega um gene da doença e um gene saudável, não apresenta risco.
Afetado, que carrega dois genes da doença e tem chances de vir a desenvolver sinais.
O controle é importante para que nunca dois "portadores" (que carregam um gene da doença) acasalem entre si, evitando, assim, que possam nascer filhotes "afetados" (dois genes da doença).
>> Apenas no caso da Mutação do Gene MDR1 um único gene pode causar alterações (-/+).
Anomalia do Olho do Collie (CEA)
Também chamada de Hipoplasia Coroidal, é uma doença genética de caráter recessivo.
A coróide é uma estrutura ocular que ancora as estruturas subjacentes e fornece a elas oxigênio e nutrição. No cão afetado por CEA, a coróide é subdesenvolvida. Em casos leves, o afinamento da coróide pode ser o único sinal detectável, mas em casos graves pode ocorrer ressecamento da retina, consequentemente seu deslocamento e cegueira.
Para evitar filhotes acometidos, um dos pais da ninhada deve sempre ser normal/livre de CEA.
Síndrome do Neutrófilo Confinado (TNS)
Uma afecção em que cães afetados não amadurecem células de defesa chamadas neutrófilos, que permanecem imaturas na medula óssea. Sendo tais células essenciais na defesa contra infecções, os cães se tornam mais suscetíveis a doenças. Além disso, apresentam anormalidades faciais características, com focinho longo e estreito (chamado "Focinho de furão") e são menores que os irmãos de ninhada.
Com frequência bem menor que CEA, ainda assim, é importante que pelo menos um dos pais seja sempre normal/livre de TNS.
Lipofuscinose Ceróide Neuronal (CL)
Cães afetados tem um acúmulo de lipofuscina em células da retina e em células cerebrais. Os sinais são progressivos, ocorrendo entre 6 meses e 6 anos, observando-se perda de visão total ou parcial, alterações no comportamento, marcha anormal e convulsões.
Mielopatia Degenerativa (DM)
É uma doença progressiva da medula espinhal que pode causar perda de massa muscular e anormalidade de marcha, com os cães arrastando as patas ou até mesmo com paralisia total. Normalmente, os sinais clínicos aparecem entre 6 a 8 anos,
Má Absorção Seletiva de Cobalamina (I-GS)
Doença gastrointestinal que prejudica a absorção de Cobalamina, uma vitamina necessária para síntese de certos aminoácidos e também importante para alguns processos metabólicos. Cães afetados apresentam anemia, baixa frequência cardíaca e apatia. Se não tratada, pode evoluir para vômitos e convulsões.
Miotonia Congenita (MC)
Cães afetados apresentam contrações musculares prolongadas, especialmente após o repouso. Isso leva a uma rigidez muscular e a uma marcha rígida e saltitante. O músculo da língua também é freqüentemente afetado, fazendo com que os cães afetados tenham uma língua protuberante característica. Cães afetados também podem ter dificuldade para engolir ou regurgitar seus alimentos devido a contrações musculares involuntárias.
Doença de Von Willebrand Tipo 2 (VWDII)
Cães afetados apresentam problemas de coagulação, apresentando hematomas e sangramento excessivo de pequenos cortes. Também se observa sangue nas fezes ou na urina do cão. São animais que correm risco de sangramento excessivo durante a cirurgia.
Hipertermia Maligna (MH)
Doença que se manifesta quando cães afetados são tratados com certos tipos de anestésicos inalatórios, podem causar contrações musculares e aumento grave de temperatura corporal.
Hipomineralização Dental "Raine Syndrom" (RS)
A hipomineralização dental é uma doença que causa mineralização anormal dos dentes. Os sinais clínicos incluem descoloração dentária acastanhada e desgaste anormal dos dentes. À medida que os dentes se desgastam, as superfícies de mordida dos dentes escurecem, tornando-se de cor marrom escuro; a camada de esmalte também pode apresentar uma descoloração marrom clara e parecer opaca. O distúrbio causa desgaste dentário severo, levando à exposição da polpa, inflamação crônica da polpa e necrose pulpar.
Surdez Precoce na Vida Adulta (EAOD)
A perda auditiva é uma doença gradativa, observada, normalmente, entre 4 e 7 anos. Ainda é um teste impreciso, uma vez que usa marcadores e não identifica a variante genética causadora da doença.
Gonodisgenesia e Glaucoma do Border Collie (BCG)
O glaucoma um distúrbio ocular em que a pressão interna do olho aumenta para níveis acima do normal e pode causar dor extrema e cegueira. a gonodisgenesia é o estreitamento do ângulo iridocorneal, que prejudica a drenagem do líquido interno dos olhos e pode levar ao glaucoma. Cães com glaucoma devem ser monitorados regularmente e, se não responsivos a terapia, a remoção dos olhos é necessária.
Cistinúria Tipo 2 (CYS 2)
Cães com cistinúria não são capazes de reabsorver o aminoácido cistina em seus rins e, portanto, altas concentrações podem se acumular no trato urinário, resultando na formação de cristais de cistina e pedras que podem levar a obstrução urinária.
Hiperuricosúria (HUU)
É uma condição que predispõe os cães afetados à formação de cálculos urinários. A HUU predispõe os cães afetados à formação de cálculos de urato. Os sinais clínicos da urolitíase incluem sangue na urina, dor ao urinar e obstrução do trato urinário. A condição pode ser parcialmente controlada por meio de terapia dietética.
Neuropatia Sensorial (SN)
A neuropatia sensorial é um distúrbio neurológico grave e raro, causado pela degeneração das células nervosas. Os afetados não têm sensação de dor, resultando em lesões e automutilação. Os sinais clínicos aparecem entre dois a sete meses de idade e incluem: marcha incoordenada, hiperextensão dos membros e automutilação dos membros. As patas traseiras são geralmente mais afetadas. A perda de sensibilidade é progressiva e afeta todos os membros. A incontinência urinária e a regurgitação podem ocorrer nos estágios posteriores do distúrbio. Não há tratamento curativo para o distúrbio. O tratamento é de suporte e o prognóstico é ruim.
Mutação do Gene MDR1
Não se trata de uma doença, porém a sensibilidade a certas drogas é comumente citada quando se fala em Border Collies, especialmente a Ivermectina, no entanto, o risco só existe quando o cão possui um ou o par de genes afetado.
Os sinais de intoxicação podem variar de vômitos, diarreia, letargia, convulsões e coma.